22 de ago. de 2009

SENADO VIRA POÇO DE LAMENTAÇÕES


Depois da leitura da suposta carta do presidente do PT, Ricardo Berzoini, os rumos do Senado e do próprio Partido dos Trabalhadores dão provas de mudanças, não se sabe se para o bem ou para mal. Mas falar da crise do Senado está virando um lugar comum e parece ser isso que José do Amapá Sarney espera, que as notícias cansem os leitores e que Pedro Simon e Cristovam Buarque estourem pelas costas como cigarras, de tanta cantarem a mesma cantiga.

Todos os dias o que se vê é a insistência de um pequeno grupo de Senadores clamando pela ética no Senado. A novidade da semana foi a figura serena do Senador Flávio Arns, representante das comunidades eclesiais de base da Igreja, herdeiro de Dom Evaristo Arns, que, ainda sereno envergonhou-se do PT, assinala sua saída do partido e parece ter o apoio de seus eleitores e de quem o assistiu na TV Senado.

Por sua vez, Mercadante, depois do labafero que foi a reunião do Conselho de Ética e nova reunião com o Lula, resolveu ficar como líder de sua bancada, acima de seus esforços e de seus argumentos. Esse fato foi aplaudido pelos senadores em crise existencial, pelos que querem deixar o partido, pelos que já deixaram e pela própria oposição que vê no senador de São Paulo alguém com capacidade coerente de diplomacia e negociação em tempos de “atos não mais secretos”.

Do ponto de vista do pragmatismo, o Lula e sua carta assinada pelo Berzoini não está errado. Do ponto de vista da estratégia política, Lula dá provas de ser maior que o PT, mas engana-se ao acreditar que a governabilidade só pode ser assegurada pela presença do Sarney ou que o mesmo Sarney é a peça mais importante no jogo das decisões eleitorais de 2010. A coalizão política tem que ser entendida como feita entre partidos e não para defender interesses particulares de membros de partidos, fazer isso só enfraquece ainda mais os partidos políticos brasileiros que carecem de reforma como defesa contra seus caciques e coronéis. Como defesa contra Sarneys, Renans, Tassos e agora, em defesa contra o próprio Lula.

O PT que saiu do Conselho de Ética é um PT que não representa mais o meio ambiente, que se confunde com a figura e história da Senadora Marina Silva; é um PT sem a bandeira das comunidades de base da Igreja, representadas pelo senador Flávio Arns; e é um PT que perde o respeito daqueles que não são militantes, mas acreditam e apostam no governo Lula, mesmo depois de Dirceus e Delúbios, mas que acreditam ter chegado ao limite com Saneys e Collors. O PT de hoje confunde o princípio de “legislativo carimbador” (cuja agenda do Executivo determina a agenda do Legislativo) com “legislativo escravo”, onde as ordens são deliberadas de cima para baixo, no velho e bom centralismo democrático... como se isso fosse possível de ser pensado.

Mas a crise do Senado Federal tá realmente ficando chata, já virou novela mexicana, com muito choro e lamentações, mas com a diferença de que no final o vilão vai matar os mocinhos.

Política Ácida

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