14 de ago. de 2009

666


Outro dia ouvi um cidadão esbravejar que só agora depois de dez anos é que ficou sabendo que no Senado se praticava “atos secretos”. Aí eu respondi a ele, era por isso que eram secretos.
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É, ultimamente a grande imprensa tem divulgado que foram 663 “atos secretos” agora tornados públicos, aprovados pelo Senado. Bem, se somarmos 663 “atos secretos”, mais José Sarney, mais Renan Calheiros – o homem das articulações – mais Fernando Collor que incentiva a digestão no Senado chegaremos a 666. Ora este número parece ser mais apropriado para servir de referência aos nossos políticos. Pois eles são de causar medo, calafrio e junto com ele vem os maus presságios que são de causar arrepios até nos mais céticos.
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Outro dia vi uma beata, daquelas que não faltam um dia de missa, fazer eloqüentes elogios a um político envolvido com aquele escândalo dos Sanguessuga. Bom, sanguessuga... o que foi isso mesmo? Realmente só com memória de elefante para lembrar o nome de tantos escândalos que vira e mexe tomam conta do noticiário no horário nobre. Em Pilar, uma cidade de Alagoas, a polícia civil prendeu dez pessoas acusadas de desvio de cerca de 2,6 milhões de Reais entre os anos de 2005 e 2007 na Câmara de Vereadores da cidade. Entre os presos estavam quatro vereadores, três ex-vereadores, um secretário municipal e o filho do atual prefeito da cidade. O total desviado daria para fazer pelo menos 180 casas populares, o que mudaria a vida de 180 famílias que vivem em condições de risco social; ou daria também comprar e equipar 15 UTIs móveis que certamente salvariam a vida de muita gente ou, até mesmo, seguindo a lógica de dar o pão a quem tem fome, fornecer o benefício por dois anos e dois meses a 1000 pessoas, já que o município está implantando o “bolsa família municipal”. Ah! Pode parecer brincadeira. Mas não é, Câmara de Vereadores de Pilar que só tem sessão uma vez por semana tinha um gasto de 117 rolos de papel higiênico por dia, então poderíamos mudar o nome de operação “Pesca Bagre” por “Operação Cagão” e por falar em escatologia, Renan poderia dar uma mãozinha.
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E quando os políticos roubam a quem devemos recorrer? Aparentemente à Justiça, afinal de contas, ela é cega devendo o seu julgamento ser imparcial, mas pelo visto ela não é tão cega assim, em Alagoas recentemente o CNJ constatou que juízes e desembargadores alagoanos são proprietários de imóveis de luxo da cidade de Maceió. Pelo visto os representantes do poder judiciário de Alagoas vivem com pompa e circunstância. Ah! É bom não esquecer que Alagoas tem o pior déficit habitacional do país. Também fico “emocionado” quando vejo uma comovente demonstração de “honestidade” praticada por certo ministro do STF, pego com uma passagem de determinado deputado, afirmar que foi enganado, vítima de um estelionatário. Pobre estelionatário. A quem ele deve recorrer? Só se for a Deus, pois a “besta” está à solta, e nós pobres cidadão somos feitos de besta.

Inspirado virado na peste,

Givanildo Ferreira
gilcs@hotmail.com

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