18 de abr. de 2010

EM FARINHA POUCA, MEU PIRÃO PRIMEIRO


Em 2010 teremos eleições para deputados estaduais, federais, senadores, governadores e presidente da República. É a expressão máxima da democracia, pois é dada ao povo a ‘condição’ de escolher os seus governantes.

Na disputa pela presidência do Brasil estamos vendo despontar uma polarização entre o PT do atual presidente Lula e sua pupila Dilma Roussef, e o PSDB de José Serra. Mas o processo que culminará em outubro próximo teve início bem antes com estratagemas bem arquitetados. Tudo isso porque um coadjuvante tem ingredientes para ser o fiel da balança dessa disputa: o PMDB de Renan & Cia. O PMDB, partido que há muito tempo se habituou às benesses do poder faz jus a sua estrutura e vende caro o seu passe nessa disputa. Por sua vez o PT em nome da governabilidade ou será da governança? Pratica com maestria o pragmatismo maquiavélico da manutenção do poder. E em nome dessa governança o partido defende o infiel Renan Calheiros, o sempre secreto José Sarney e faz até o próprio presidente Lula duvidar do que vê. E não adianta subir a pressão, o que sobe mesmo é o fosso entre pobres e ricos.

Em Alagoas, assim como no resto do País a luta pelo poder assume características de um jogo de pôquer. E como sabemos o bom jogador de pôquer é aquele que sabe melhor usar o blefe. Notamos que o movediço terreno da política que procura se ajustar a interesses de velhos caciques que relutam em não largar o osso coloca antigos adversários na mesa de negociação onde todos riem com vontade de morder.

Primeiro vemos o ex-governador Ronaldo Lessa lado a lado com Fernando Colló, antigo desafeto. A formação do chapão do qual tem Ronaldo Lero Lessa é candidato ao governo contará ainda com o homem que fala com Deus, o prefeito de Maceió Cícero Almeida, o todo poderoso usineiro João Lyra, agora amiguinho do PT de Alagoas que tem em seus quadros, figuras como Joaquim Brito, que daria um excelente garoto propaganda para vender caixões e outras figuras um tanto nefastas que convém não falar. Em situação difícil se encontra o deputado federal Benedito de Lyra que está entre a cruz e a espada. Se for candidato ao Senado terá pela frente um páreo duríssimo, pois terá nada mais nada menos que o atual senador Renan Calheiros como seu adversário que fez aliança com Deus e o diabo para garantir seu quinhão e a sobrevivência de suas vacas. E no outro pólo a vereadora por Maceió Helouquisa Helena que hoje desfruta de ampla aceitação no eleitorado alagoano. Recuar para a disputa da câmara federal ele pode, porém, compromete o seu filhinho amado, taturana que precisa desesperadamente de mandato para não ter que prestar contas a justiça (Artur Taturana Lira). No entanto, se recuar não terá mais as famigeradas bases para deputado estadual, hoje “encabrestada” pelo ex- prefeito de Teotônio Vilela, aquele que nunca cresceu “Joãozinho”. Dessa forma o filinho provavelmente não ganhará, deixando o velho Bil numa verdadeira “sinuca de bico”.

Quem analisou bem a conjuntura foi o deputado Rui Palmeira (PSDB), que depois de passar três anos criticando o tucano Teo Vilela, de repente mudou de lado abraçando o modelo tucano de governar. Será que o Ruy tem andado com o Cícero Almeida? Porque só falando com Deus para se mudar de opinião tão rápido. É, dizia a minha Vovó “em farinha pouca meu pirão primeiro”. E quanto ao Bil, ficará com o chapão arriscando tanto o seu mandato quanto o do seu filho ou irá fechar com o Teo, “fechando” também as portas de Brasília onde o mesmo desfruta de grandes privilégios no Ministério das Cidades? Oh! Que dúvida cruel tem o deputado Benedito de Lira. Assim é a política, um engalfinhado jogo de interesses que tem a ocupação do poder como meta, que em alguns casos poderemos chamar de usurpação do poder, e que ter sucesso ou fracasso depende das táticas e estratégias utilizadas em conformidade com a conjuntura vigente, e onde a capacidade de blefar muitas vezes define os resultados.

Givanildo Ferreira
É Cientista Social, ONGueiro e disse que nunca votou no Colló, nem no Renan das Vacas Mágicas.