3 de jul. de 2009

CASA DE R$ 4 MILHÕES


Este Blog tem se prestado ao serviço público digital e virtual de denunciar nos últimos dias os acontecimentos políticos de Brasília, sobretudo e com maior especificidade, os fatos que envolvem os chamados Atos Secretos, cujo foco das atenções é o Senador José Sarney (PMDB-Amapá). Nos prestamos, inclusive, a fazer um breve histórico da vida pública do Senador Sarney (Tudo o que você sempre quis saber sobre Sarney mas tinha medo de perguntar), com o que ele acha que é tão honroso e motivo de orgulho... motivo de orgulho, cara pálida, só se for lá prá os seus do Amapá e do Maranhão.

Nos últimos dias a imprensa (jornalistas com diploma ou não) não tem feito outra coisa senão o seu papel de denunciar e tornar público o que vem acontecendo no Senado Federal, as posturas tomadas pelos senadores, a velha e boa Teoria dos Jogos colocada em prática, os interesses particulares e partidários, as confusões entre público e privado claramente percebidas nos discursos frágeis dos senadores, a tentativa dos DEMos de “tirar os seus da reta”, as acusações e farpas em meio a tratamentos e elogios elegantes.

Do lado de fora do Senado a crise toma corpo nas ruas em forma de protestos e até mesmo os ânimos são exaltados por aqueles que defendem seu dono, como faz um cão ao atacar quem se aproxima, como foi o caso do segurança do Sen. Sarney que, num ato de desespero e truculência típica dos tempos de Lampião ou de Sarney no Maranhão, agride deliberadamente o repórter do Programa CQC-Band (Danilo Gentilli) enquanto este estava fazendo pergunta em meio a tantos outros repórteres. Não era prá menos, a contar pelo fato de que o próprio Presidente da República foi infeliz ao dizer que não devemos tratar Sarney como qualquer um, fato que não fere apenas os princípios mais básicos da Constituição, mas abre brechas a atitudes tão comuns da Ditadura Militar, período em que o Sarney também soube ser bem protegido. Mas sobre a nossa ainda muito presente Ditadura só foi dita alguma coisa no Senado, durante todo esse período, quando Sen. Arthur Virgílio afirmou, num aparte, que Sarney não era o homem da democracia, ele só passou para o “lado de cá” quando lhe foi interessante.

Aos olhos e ouvidos mais cuidadosos com Política (com Ciência Política) é fácil de entender a defesa do PT a Sarney, fala-se em nome da governabilidade em democracias multipartidárias, que em nome dessa mesma governabilidade foi que Mercadante (PT-SP) não teve medo de dizer, não teve medo de assumir que o Governo do PT só é possível (sem meias palavras) diante da coalizão com o PMDB e por isso ele estava ali na tribuna do Senado defendendo que era a favor de licenciamento de Sarney e de uma apuração mais precisa dos fatos, do enxugamento do Senado e, acima de tudo, assumindo sua parcela de culpa por omissão.

Que Sarney está acreditando que vai se sair dessa ileso, nós do lado da cá, não temos dúvida. Que Sarney está tentando cozinhar tudo em banho-maria e esperando que mais um Michael Jackson morra prá lhe tirarem os holofotes do bigode, muita gente já percebeu. Que tem sido assim com Sarney durante sua vida pública de mais de 55 anos, algumas pessoas também o sabem. Mas que Sarney é dono de uma casa de mais de R$ 4 milhões, pouca gente sabia.

Prezados leitores, a omissão de declaração em contas de campanhas políticas da casa que José Sarney tem em Brasília é só mais uma de suas ações normais como homem que se acha acima da Lei, dono de dois Estados da Federação, ex-presidente pós-ditadura que ele tanto apoiou e foi tão bem apoiado. O Senador Sarney assim como a maioria do Congresso, a velha-guarda que está ensinando muito bem a nova-guarda, é um tumor que deve ser extirpado da nossa jovem e inocente democracia. Deveria ele fazer como o Rei Édipo, num último ímpeto de sanidade, furar os próprios olhos e sair vagando pelo mundo, no nosso caso particular, vagando pelas matas do Amapá, Estado que também tem sua parcela de culpa nesse legislativo balaio de cobras.


Puto de tanto escrever sobre as falcatruas do Sarney,

Política Ácida

2 comentários:

  1. Quero parabenizá-lo, está cada vez melhor as denuncias da política ácida, continue escrevendo.

    ResponderExcluir
  2. Obrigado Rosimeire. Estamos nos esforçando prá cumprir o nosso papel como Blog de opinião política, mesmo que ácida, mas temos percebido uma coisa muito importante, ácido mesmo é o que o Congresso Nacional consegue fazer com a verba pública.

    ResponderExcluir