13 de jan. de 2010

O PANETONE QUE O ARRUDA AMASSOU

[As imagens aqui ilustradas estão disponíveis na Internet]

O ano de 2010 estava começando, todo mundo de ressaca ainda, muita gente tentando não começar a falar em política, outros pensando o que será do Brasil em 2010, a coisa toda estava começando a tomar seus rumos até que a TV mostra o que seria a pior forma de começar o ano político. Eis que José Roberto Arruda, sem partido e ainda governador de Brasília, aparece numa sessão de posse de diretores eleitos nas escolas públicas e profere o seguinte discurso:

"Perdoo, a cada dia, os que me insultam. Entendo as suas indignações pelas forças das imagens. E, sabem por que eu perdoei? Porque só assim eu posso também pedir perdão dos meus pecados" (veja aqui a desgraça dos discurso que foi ao ar).

Vamos recapitular. José Roberto Arruda é o mesmo que teve que renunciar, depois de um discurso recheado de copiosas lágrimas, quando esteve à frente do escândalo de violação do painel eletrônico do Senado em 2001, junto com ACM (o diabo que se cuide). Nessa época o jovem maldito era líder do Governo FHC, o mesmo que um político em ascensão. Arruda mente, chora, renuncia, mente de novo e é eleito governador do DF em 2002. Continua mentindo e se reelege em 2006.

Arruda devia está gostando de sua vida política até descobrir, como nós, que seu ex-secretário de Relações Institucionais, Durval Barbosa, havia gravado intermináveis horas com cenas de dinheiro indo prá meias, bolsas e bolsos, mostrando um esquema de distribuição de dinheiro, propina, a toda a sua base do Governo, inclusive ele colocou grana no bolso.

Uma semana antes do curta metragem de horror ir p’rás nossas telinhas em horário nobre, a revista Veja (se quiser), em suas páginas amarelas, saudava o Arruda como uma promessa ao Palácio do Planalto e exaltava as obras que estavam transformando Brasília. Não era prá menos, a grana que era devidamente acondicionada nas meias e bolsos de ternos tinham origem, por exemplo, em obras públicas, além de serviços prestados na área de informática. Quando à Veja (se quiser), não precisamos questionar, oh revistinha mequetrefe essa!

A primeira saída de arruda foi uma desculpa que nos tirava de condição de eleitores burros, para eleitores amebas. O camarada sai com a máxima de que o dinheiro visto nas cenas era prá comprar panetones para a população carente. Depois disso ele consegue articular alguns seus interesses político dentro da casa legislativa para assegurar que não sofra um impeachment. Vale lembrar que o esquema de corrupção liderado por Arruda envolve o vice-governador Paulo Octávio e uma série de deputados distritais.

Até o final do seu (des)governo, José Roberto Panetone Arruda enfrentará 11 pedidos de impeachment e possivelmente sairá ileso continuará levantando “algum” prá comprar panetones. Mas isso não nos revolta como cidadãos. No final das contas, toleramos o esquema de Renan Calheiros e sua jornalista capa da Playboy, passamos pelo Sarney; Agaciel Maia e a novela dos Atos Secretos; engolimos, diferimos e deglutimos a contra-gosto o Collor e seu olhar fulminante de Exu Tranca Pauta em pleno Senado Federal; assistimos calados a filha do Sarney se tornar governadora do Maranhão através de um esquema sui generis e comum na história desse país; vemos toda semana os interesses políticos de Gilmar Mendes se transformar em decisões jurídicas; até toleramos o Boris Casoy esculhambando garis; Dilma e Lina Silva brincando de mentirinha... é um verdadeiro pandemônio essa democracia que se ensaia no Brasil e não consegue se consolidar, mas uma coisa não tem mais como aceitar: A CARA DO JOSÉ ROBERTO ARRUDA DIZENDO QUE NOS PERDOA É UM FIM DO POÇO DO DESCARAMENTO POLÍTICO NESSE PÁIS.

Uma coisa tem sido tolerar os desmandos políticos representados pelas mentiras e falta de respeito dos representantes (ave-cruz), outra coisa completamente diferente é a institucionalização declarada da corrupção quando um sujeito afirma que perdoa prá ser perdoado, que as cenas são fortes e por isso ele entende nossa revolta. Aqui cara-pálida, não sou Jesus e dinheiro público não é doação como as que são feitas na Igreja Universal. Esse é o limite do que se poderia aceitar como postura descarada de um representante político e não poderíamos ter começado 2010 de maneira pior.

Com os ácidos renovados,

Política Ácida